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A Enciclopédia Mágica

Atualizado: 4 de abr.



tradução: Daniela Figueiredo

sobre introdução de tese de Jaime Cordero


El Kitāb Šams al-Ma‘ārif al-Kubrà

(al-ŷuz’ al-awwal)

de Aḥmad b.


‘Alī al-Būnī: Sufismo e Ciências Ocultas

Jaime Coullaut Cordero

TESE DE DOUTORADO UNIVERSIDADE DE SALAMANCA, 2009 FACULDADE DE FILOLOGÍA DIRETORA: DRA. CONCEPCIÓN VÁZQUEZ DE BENITO


Introdução

Este trabalho teve como origem uma breve Tese, ou Trabalho de Graduação, que realizamos no ano de 2005, no Departamento de Língua Espanhola da Universidade de Salamanca, intitulado “al-Būnī y la Enciclopedia Mágica”. Esse trabalho consistiu de um breve estudo da obra e das idéias de al- Būnī[1], bem como uma edição comparada e tradução dos primeiros capítulos do Šams al-Ma‘ārif al-Kubrà (1345), baseada em três edições da obra citada.

Porque obtivemos um bom grau pelo trabalho, por parte dos professores que compuseram a banca, ficamos entusiasmados para continuar estudando a célebre obra do autor norte-africano. Desde o início, nosso desejo era realizar uma possível tradução da obra, e para isso, consideramos necessário trabalhar também sobre uma nova edição do texto, mais rigorosa que as chamadas “edições populares”, baseados em uma série de manuscritos que nos permitiram obter um texto com menos erros.

Após constatarmos o enorme número de manuscritos e versões existentes da obra, assim como sua heterogeneidade, decidimos embasar nossa edição sobre o manuscrito de Paris Ar. 2650-1, já que também parece ser o texto base das edições atuais. Assim, nosso propósito sempre foi obter um texto o mais fiel possível, quanto à estrutura e conteúdo, à versão atual da obra.

Para realizarmos uma comparação com o manuscrito base, escolhemos o manuscrito de Berlim, Ahlwardt 4125 (Wetztein II 1210), versão intermediária da obra, que contém alguns textos inéditos, e os manuscritos de Paris 2647 e 2648, exemplares da versão mais breve e antiga. Assim, conseguimos comparar as três versões e obtivemos um texto mais correto, embora cheio de variações.

Devida à extensão da chamada “Enciclopédia mágica de al-Būnī”, nós nos limitamos a traduzir a primeira parte da obra, correspondente ao manuscrito de Paris 2650. Com isso, nosso objetivo e desejo é dar o primeiro passo em direção a uma edição crítica e tradução integral do Šams al-Ma‘ārif al-Kubrà.


1. Tradução

Primeiro Capítulo

Sobre as letras do Alifato e os Mistérios e Segredos que Existem Nelas.

Parágrafo: falarei primeiramente sobre as letras do alifato[2], pois são os elementos da fala, sua base, e com elas se descobre a estrutura.

Você deve estar ciente que os números têm segredos, assim como as letras têm efeitos, e que o mundo superior tem seu prolongamento no mundo inferior, que o mundo do Trono (‘arš) tem seu prolongamento no mundo do escabel[3] (kursī), e o mundo do escabel prolonga-se na esfera de Saturno. A esfera de Saturno se prolonga na esfera de Júpiter, e essa se prolonga na esfera de Marte, a esfera de Marte se prolonga na esfera do Sol, e esta se prolonga na esfera de Vênus. A esfera de Vênus se prolonga na esfera de Mercúrio, e esta se prolonga na esfera da Lua; a esfera da Lua se prolonga na esfera do calor. A esfera do calor se prolonga (na esfera da umidade, que se prolonga na esfera do frio, que se prolonga na esfera da secura), se prolonga na esfera do ar, e a esfera do ar se prolonga na esfera da água, e esta se prolonga na esfera da terra (turāb), e a esfera da terra tem seu prolongamento em Saturno.

Saturno, nos mundos superiores, tem a letra ŷīm e o número que reside nela é o 3 (três), segundo seu valor total. Quanto ao valor de suas letras somadas, ele é de cinquenta e três, da seguinte forma: mīm com quarenta, yā’ com dez, ŷīm com três, e ela mesma possui três letras. Nos mundos inferiores, ele tem a letra ṣād, que é o número 90 (noventa), e tem o quadrado mágico ternário.

A esfera de Júpiter tem a letra dāl que é 4 (quatro), e tem o quadrado mágico quaternário, que multiplica quatro por quatro.

A disposição da esfera de Marte nos mundos superiores é, em conjunto, 5 (cinco), que é a letra hā’, e possui, dos quadrados mágicos, o quíntuplo.

A esfera do Sol é 6 (seis), sendo a letra wāw, e tem o quadrado mágico sêxtuplo.

Quanto à disposição do planeta Vênus, é 7 (sete), sendo a letra zāy,e tem o quadrado mágico sétuplo.

Mercúrio tem o número 8 (oito), que é aletra ḥā’, e o quadrado mágico óctuplo.

A esfera da Lua tem o número 9 (nove), que é a letra ṭā’, e o quadrado mágico novenário.

Saturno tem o quadrado mágico ternário, famoso entre os eruditos. Tens que entender isso.

Seção: As Relações da Essência Humana.

O Trono (al-‘arš) tem a letra alif, e o Escabel tem a letra bā’, Saturno tem a letra ŷīm, e assim por diante, até a Lua, como mencionado anteriormente.

Parágrafo: as letras são de várias classes: as que começam pela direita, que são as letras dos árabes; e as que começam pela esquerda, que são as romanas, gregas e coptas. Toda escritura que começa pela direita é contínua, e toda escritura que começa pela esquerda, está separada. É preciso compreender isso.

Parágrafo: as letras são vinte e oito, sem contar com lām-alif, somando no total 29 (vinte e nove). O primeiro é o número das mansões Lunares, e como as mansões Lunares que aparecem sobre a terra são 14 (quatorze), dentre essas letras, estão as similares a lām do artigo, e são elas:

tā’, ṯā’, dāl, ḏāl, rā’, zāy, ṭā’, ẓā’, lām, nūn, ṣād, ḍād, sīn e šīn.

Dentre elas estão as que aparecem com o artigo sem assimilação, e são quatorze:

alif, bā’, ŷīm, ḥā’, jā’, kāf, mīm, ‘ayn, gayn, fā’, qāf, hā’, wāw e yā’.

Parágrafo:A primeira das letras é alif, e depois as que seguem, como ṭā’āt,as assimiladas ao artigo e as rā’āt, derivan de alif. Ao observar atentamente as letras, encontra-se em sua essência uma impressão em comum, antes de encontrá-la nas figuras.

Dentre as letras, alif é o 1 (um) dos números, e os números têm um poder espiritual sutil. Os números formam parte dos segredos das palavras, assim como as letras formam parte do segredo das ações. Os números incluem segredos e utilidades do Criador (exaltado seja seu poder!) no mundo das criaturas humanas, assim como incluem nas letras segredos eficazes como as invocações, feitiços (ruqà), dentre outras coisas, cuja influência é manifesta no mundo sensorial mediante os diferentes tipos de Nomes. Além disso, você deve saber que as letras não têm um momento que as restrinja, mas atuam concretamente para quem o deseja. Por outro lado, os números atuam mediante as qualidades naturais (al-ṭabī‘āt), que são condicionadas pelas escolhas (al ijtiyārāt) dos corpos celestes.


Segundo Capítulo

Sobre a Fração e a Extensão Harmônica (das letras) e a Disposição dos Trabalhos em Diferentes Momentos e Horas.

Deves saber (Deus nos guie a sua obediência e compreensão de seus segredos e sua providência), que Deus (louvado seja!) já falou sobre o Sol e sobre a Lua, mencionando-os em Seu Livro Excelso com Suas palavras (louvado seja!): Cada um navega numa esfera.

A Lua, quando está situada na Mansão de al-Naṭḥ[4] – que é a letra alif – participa do segredo da alif, e ali a espiritualidade da alif revela-se, e a ira se faz presente nas diversas partes do mundo, e dentre as pessoas estão as autoridades mais importantes da terra. Em cada uma das criaturas humanas revela-se a cólera (qahr) e a contradição espiritual (qabḍ) interna, de acordo com o grau em que se encontra da humanidade: quem quer que estude isso, o confirmará.

Os homens devem acalmar-se nesta hora, e empregar seus esforços na adoração de Deus (louvado seja!), e no exercício do louvor (ḏikr) a Ele e na persistência da pureza ritual nesses momentos: pois neles ocorre uma contradição espiritual das almas, de modo que o homem desconhece o motivo de sua opressão e fica ensimesmado. Isso se deve à alif, que é o primeiro dos graus das unidades nos números e nas letras, e não tem comparação; por isso, com ela, aflora a perturbação no mundo inferior. É preciso compreender isso, pois nela reside a perturbação daquele a quem queres perturbar, dentre os soberbos e arrogantes. Sua perturbação e propriedade opressora harmonizam com o calor e a secura existentes na letra alif, e assim, surge a perturbação. Portanto, as almas se contradizem, em virtude do posicionamento da Lua nela, e pelo calor e secura que existe em al-Naṭḥ. É a fase (waŷh) de al-Aḥmar, pois ela tem natureza cálida e seca, correspondendo a aquela do fogo, incendiária por natureza.

Seção sobre as Mansões Lunares e sua Espiritualidade em Relação com as Letras.

A Segunda Mansão Lunar é al-Buṭayn[5], que corresponde à letra bā’. Quando a Lua se aloja nela, advém dela, por ordem de Deus (louvado seja!), um poder espiritual que convém à ira e ao que se mencionou anteriormente. Durante ela medicamentos são bebidos, e os poderosos, os habitantes da terra e seus governantes ficam perturbados. Isso ocorre porque ela se encontra no segundo decano (waŷh) de Áries, que pertence ao Sol, e a exaltação do Sol está em seu sexto grau no dia 04 de abril. O Sol é de bom augurio, salvo que é quente e seco, de natuereza igual à Marte. Por seu bom augúrio e seu apogeu, neste decano se trabalha para obter aceitação e uma boa acolhida dos reis, segundo o que se espera deles, e aquilo a que te proponhas, pois certamente se resolverão suas necessidades. Trabalha para os amorosos, a aceitação e atração entre os corações, ocorrendo assim o que é desejado. Também convêm para realizar trabalhos relacionados à sabedoria divina, os elixires áureos e sua preparação.

A Terceira Mansão Lunar é al-Ṯurayyā[6] e corresponde à letra ŷīm. Quando a Lua surge nela, (por decreto de Deus, louvado seja!), surge dela uma espiritualidade mixta de calor e umidade, que é de bastante bom augúrio para viajar, visitar pessoas ilustres, notáveis, senhores de terras e gente da ciência. Isso se deve a al-Ṯurayyā, composta por uma multitude de estrelas, e por isso, a associação com aquilo que mencionamos é boa. Há também um quadrado mágico sublime que se realiza em seu apogeu, no qual se eleva e visita aos poderosos, pois o portador obtém deles o que quer, e eles o apreciam, acatam seus pedidos e não lhe negam o que deseja e pede. Em virtude dela, Abū Ŷa‘far al-Barmakī obteve a aceitação de al-Rašīd e recebeu dele tudo o que queria. É assim que ocorre. Trata de entender e prosperarás (se Deus quiser, louvado seja!).

A Quarta Mansão Lunar é al-Dabarān[7] e tem a letra dāl. Quando a Lua se aloja nela, advém dela uma espiritualidade maligna na qual se realizam trabalhos de corrupção e perturbação que lhe convenham, ou que sejam apropriados.

A Quinta Mansão Lunar é al-Haq‘a[8] e possui a letra hā’. Quando a Lua se situa nela, surge dela uma espiritualidade mixta de agitação intermediária. Nela, são realizados alguns trabalhos para o bem, e outros, para o contrário.

A Sexta Mansão Lunar é al-Han‘a[9] e tem a letra wāw. É uma mansão de bom augúrio que convém à amizade e união entre os que se odeiam e os que distanciam, porque surge dela uma espiritualidade destinada aos trabalhos de reconciliação, bondade e felicidade.

A Sétima Mansão Lunar é a mansão de al- Ḏirā‘[10] e tem a letra zay. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade propicia à preparação de medicamentos, e nela se inspiram os místicos em seu retiro espiritual, e também, a quem está em sua meditação, é revelado um segredo do Mundo angélico (Malakūt). É boa para o exercício do ascetismo e a busca da Verdade, e é apropriada a todos os trabalhos.

A Oitava Mansão Lunar é al-Naṯra[11] e tem a letra ḥā’, Quando a Lua se situa nela, dela resulta uma espiritualidade que não contribui para o bem, e nela o trabalho é referente à corrupção.

A Nona Mansão Lunar é al-Ṭarf[12] e tem a letra ṭā’. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade cujo efeito é maligno, como no caso anterior.

A Décima Mansão Lunar é al-Ŷabha[13] e tem a letra yā’. Quando a Lua se aloja nela, surge dela uma espiritualidade mixta entre o bom e o mal, na qual se trabalhará o que convenha a ela.

A Décima Primeira Mansão Lunar é al-Zubra[14] e tem a letra kāf. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade boa para aumentar as posses e pedir por necessidades, e nela trabalha-se com o que convenha a ela.

A Décima Segunda Mansão Lunar é al-Ṣarfa[15] e tem a letra lām. Quando a Lua se aloja nela, provém dela uma espiritualidade mixta para o bem e para o mal, e nela se trabalha o que convenha a ela.

A Décima Terceira Mansão Lunar é a mansão de al-‘Awwā’[16] e tem a letra mīm. Quando a Lua está nela, surge uma espiritualidade mixta na qual somente se viaja por mar, nada mais.

A Décima Quarta Mansão Lunar é a mansão de al-Simāk[17] e tem a letra nūn. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade que não é propícia para o bem, ou seja, não se deve fazer nela absolutamente nada.

A Décima Quinta Mansão Lunar é a mansão de al-Gafr[18] e tem a letra sīn. Quando a Lua se aloja nela, provém dela uma espiritualidade propícia à todas as atividades terrenas e relativas à Outra vida, ou seja, faça com ela o que queiras, e seu trabalho terá êxito.

A Décima Sexta Mansão Lunar é al-Zubānā[19] e tem a letra ‘ayn. Quando a Lua se aloja nela, advém dela (por ordem de Deus, louvado seja!), uma espiritualidade mixta em que não provocarás nada além do bem.

A Décima Sétima Mansão Lunar é a mansão de al-Iklīl[20] e tem a letra fā’. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade que não está destinada aos trabalhos do bem, ou seja, os trabalhos nela com os devidos assuntos, correspondentes a ela, terão êxito.

A Décima Oitava Mansão Lunar é a mansão de al-Qalb [21] e tem a letra ṣād. Quando a Lua se aloja nela, advém dela uma espiritualidade que apoia as ações benéficas.

A Décima Nona Mansão Lunar é a mansão de al-Šawla[22] e tem a letra qāf. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade mixta na qual não se deve tomar nenhuma iniciativa concernente às necessidades terrenas.

A Vigésima Mansão Lunar é a mansão de al-Na‘ā’īm[23] e tem a letra rā’. Quando a Lua se aloja nela, advém dela uma espiritualidade mixta que se manifesta serenando os corações e alegrando as almas, boa para os assuntos terrenos, e também para os da Outra vida.

A Viségima Primeira Mansão Lunar é a mansão de al-Balda[24] e tem a letra šīn. Quando a Lua se situa nela, surge dela uma espiritualidade mixta que não está destinada para o bem, ou seja, nela não provocarás o bem.

A Viségima Segunda Mansão Lunar é a mansão de Sa‘d al- Ḏābiḥ[25] e tem a letra tā’. Quando a Lua se estabelece nela (por ordem de Deus: louvado seja!), advém dela uma espiritualidade mixta inapropriada para qualquer assunto terreno, e não é proveitoso locomover-se nela.

A Viségima Terceira Mansão Lunar é a mansão de Sa‘d Bula‘[26] e tem a letra ṯā’. Quando a Lua se aloja nela, advém uma espiritualidade mixta que não é apropriada para nada: para locomover-se, não é proveitosa nem é daninha.

A Viségima Quarta Mansão Lunar é a mansão de Sa‘d al-Su‘ūd[27] e tem a letra jā’. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade apropriada, boa para locomover-se e de natureza equilibrada. Faça nela o que desejares.

A Viségima Quinta Mansão Lunar é a mansão de Sa‘d al-Ajbiya[28] e tem a letra ḏāl. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade de bom augúrio propícia a todos os trabalhos benignos, para a harmonía, o amor e o afeto.

A Viségima Sexta Mansão Lunar é a mansão de al-Farg al-Muqaddam[29] e tem a letra ḍād. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade de bom augúrio, destinada a todas as obras do bem. Faça nela os trabalhos do bem que desejar.

A Viségima Sétima Mansão Lunar é a mansão de al-Farg al-Mu’ajjar[30] e tem a letra ẓā’. Quando a Lua se aloja nela, advém dela uma espiritualidade mixta na qual se deve abster de realizar qualquer preparativo.

A Viségima Oitava Mansão Lunar é a mansão de al-Rišā[31] e tem a letra gayn. Quando a Lua se situa nela, advém dela uma espiritualidade boa, amável e benigna, que os sábios destinam ao estudo das ciências. Nela, os pedidos são atendidos e prosperam os trabalhos devocionais.

(…)

E com esses segredos das letras vão girando os ciclos a partir do ponto estacionário da Lua, segundo as fases da disposição (dos astros) até o dia de sua aparição na Terra, onde cada Mansão Lunar, cada espiritualidade e cada letra encontram-se reunidas no conjunto do ponto estacionário durante 40 (quarenta) días, e depois, seguem desta maneira, até a última das mansões Lunares e a última das letras com a última espiritualidade, associando-se ao fausto e ao nefasto. Se não fosse por essa distinção entre as letras e essa rotação astral, o homem não reconheceria as causas da felicidade proveniente do fausto, nem as causas de desditas advindas do nefasto, nem as causas da confusão no incompatível, pois tudo isso é vertido na natureza humana.

Parágrafo: Dado que essas Mansões Lunares estão dispersas entre as doze constelações zodiacais, para que nelas se manifieste seu sentido oculto, as doze letras estão dispersas em seis sílabas, e são as letras de Lā ’ilāh illā Allāh (não há mais deus que Alah), nesta ordem:

lām, alif, alif, lām, hā’, alif, lām, alif, alif, lām, lām, hā’.

E são doze letras, conforme o número das doze constelações zodiacais, pois elas acompanham cada signo zodiacal. Dado que entre as constelações zodiacais há quelas fixas (ṭābit) e as transitórias (munqalib), também há, dentre as doze letras, as fixas e as transitórias, pois a afirmação é fixa, enquanto a negação transita desde a existência até a inexistência da qual surge. E do segredo circular destas letras, participa a esfera da Lua, porque a Lua está mais próxima à Terra que os demais astros, e as letras estão mais próximas de nós que a Lua, porque estão inculcadas na natureza de cada pessoa, e já mencionamos que as letras que correspondem a cada Mansão Lunar, então não repetiremos. Cada coisa aumenta com o crescimento da Lua e diminui quando mingua, devido à autoridade de sua posição e o conhecimento de seu grau, pois não vês como acrescenta à obscuridade e a seu contrário?

(…)

Seção de Divisão das Letras segundo as Quatro Qualidades Naturais

Agora farei conhecer as letras quentes, secas, frías e úmidas: As quentes são sete letras: alif, hā’, ṭā’, mīm, fā’, šīn, ḏāl. As úmidas são sete letras: bā’, wāw, yā’, nūn, ṣād, tā’, ḍād. As frías são sete letras: ŷīm, zāy, kāf, sīn, qāf, ṯā’, ẓā’. E as secas são sete letras: dāl, ḥā’, lām, ‘ayn, rā’, jā’, gayn.

O fogo reúne o calor e a secura, o ar reúne a umidade e o calor, a água reúne o frio e a umidade, e a terra compreende a secura e o frio. É desta maneira que se associam os quatro humores naturais mencionados, que são a cólera, o sangue, a fleuma e a melancolía. A cólera é de natureza do fogo: quente e seca; o sangue é da natureza do ar: quente e úmido; a fleuma é da natureza da água: fría e umida; e a bile negra é da natureza da terra: fría e seca. A influência disso foi bem demonstrada pela experiencia, já que alguns Nomes eliminam a febre mediante sua escritura, e são os nomes frios, por exemplo. Seu nome “o Justo” (al-‘Adl) é forte.

(…)

Seção na qual citamos Momentos Propícios e Nefastos, suas horas e o Bem e o Mal Correspondentes

Domingo: A primeira hora é do Sol: trabalhar nela para a aceitação e recebimento pelos reis e sábios; nela é apropriado vestir roupa nova. A segunda hora é de Vênus, uma hora censurável na qual não se faz absolutamente nada. A terceira hora é de Mercúrio: viajar nela e investir nos afetos e amores, para conseguir aceitação. A quarta hora é da Lua: não vender nem comprar nada, pois não convém para isso. A quinta hora é de Saturno: trabalhar nela para as separações, o ódio, a inimizade e tudo que se pareça com isso. A sexta hora é de Júpiter: pedir nela os favores dos reis, governantes e autoridades. A sétima hora é de Marte: não trabalhar em nada, pois é uma hora nefasta. A oitava hora é do Sol: trabalhar nela para todas as suas necessidades, pois é apropriada para solucionar todos os assuntos, sendo uma hora de muito bom augúrio. A nona hora é de Venus: investir nela para viajar, atrair as pessoas, ganhar o afeto dos corações, os amores e tudo que esteja relacionado. A décima hora é de Mercúrio: trabalhar nela os talismãs, os selos e tudo que esteja relacionado. A décima primeira hora é da Lua: trabalhar o que queiras, pois dará bons resultados. A décima segunda hora é de Saturno: só realizar nela os trabalhos daninhos, como a desunião, o ódio e tudo que pareça com isso.

Segunda: A primeira hora é da Lua, e convém para trabalhar com os amores, para praticar a oratória (‘aqd al-’alsina) e para atrair corações. A segunda hora é de Saturno, boa para viajar e solucionar as necessidades. A terceira hora é de Júpiter, boa para o matrimônio, para se locomover, para escrever documentos e para os litigios. A quarta hora é de Marte, boa para os trabalhos perniciosos, como os que provocam sangramentos, hemorragia nasal, doenças, morte e o que se assemelhe. A quinta hora é do Sol, sendo apropriada para solucionar as necesidades, os amores e para provocar desejos. A sexta hora é de Venus, boa para resolver as necessidades e para atrair corações. A sétima hora é de Mercurio, apropriada para trabalhar com talismãs e outros serviços. A oitava hora é da Lua, boa para o casamento e para conseguir a paz entre os que se odeiam. A nona hora é de Saturno e convém para a separação, para traslados, para o ódio e o que quer que pareça com isso. A décima hora é de Júpiter, apropriada para a aceitação, o amor, para conversar e reconciliar aos que se odeiam. A décima primeira hora é de Marte: agir nela para a hostilidade, o ódio, sangramentos, derramamento de sangue, e outros. A décima segunda hora é do Sol, conveniente para conversar e estar com suas simpatías.

Terça: A primeira hora é de Marte: nela o trabalho serve ao ódio, a corrupção, a desunião, os sangramentos, as doenças e os males. A segunda hora é do Sol: não realizar nada nela. A terceira é de Venus, apropriada para pedir a mão das mulheres e para o casamento. A quarta hora é de Mercurio: agir nela para atrair a clientela, vender, comprar e para o comércio. A quinta hora é da Lua: não fazer nela nada, porque é desfavorável, nefasta e fechada. A sexta hora é de Saturno e nela, é apropriado trabalhar para amarrações (al-‘aqd), provocar danos aos olhos, doenças e o que quer que se assemelhe. A sétima hora é de Júpiter: trabalhar nela o que queira com relação aos afetos, os amores e afins. A oitava hora é de Marte: trabalhar nela o que seja referente aos sangramentos, derramamentos de sangue e enfermidades. A nona hora é do Sol, conveniente para compromissos com as mulheres (‘aqd al-nisā’) e para excitar o desejo. A décima hora é de Venus: não trabalhar nada nela, porque não é de bom augurio. A décima primeira hora é de Mercurio, apropriada para interropper viajens, anular casamentos e tudo o que se assemelhe. A décima segunda hora é da Lua, apropriada para os trabalhos de ódio, corrupção, transportes, o mal, o repúdio, e afins.

Quarta: A primeira hora é de Mercurio, apropriada ao afeto, aos enamoramentos e ao que se assemelhe. A segunda hora é da Lua: não empreender nenhum trabalho nela, pois é desfavorável. A terceira hora é de Saturno, conveniente para trabalhar com as enfermidades, sangramentos, desidratação (al-tagawīr) e ao que esteja a isso relacionado. A quarta hora é de Júpiter: executar nela os trabalhos que queira, pois é uma hora muito boa. A quinta hora é de Marte: nela, evitar enfrentar as pessoas e os trabalhos malignos, pois é uma hora desfavorável. A sexta hora é do Sol, conveniente para viajar por terra e por mar; fazer nela todos os trabalhos que queira. A sétima hora é de Venus: trabalhar nela o que deseja, pois ela tem efeito favorável. A oitava hora é de Mercurio, boa para acalmar o choro das crianças e para criar amuletos (ḥuŷub) para os males dos olhos, a visão, ou o que esteja relacionado a isso. A nona hora é da Lua: não trabalhar nela toda, porque é maligna. A décima hora é de Saturno, boa para ser recebido pelos governantes e poderosos. A décima primeira hora é de Júpiter: criar nela os quadrados mágicos para encontrar-se com os juízes, para os litigios e o que quer que pareça com isso. A décima segunda hora é de Marte.

Quinta: A primeira hora é de Júpiter: trabalhar nela para atrair seu sustento, a clientela e a aceitação das pessoas. A segunda hora é de Marte: não extrair nela sangue, nem trabalhar nela amarrações, nem sangramentos. A terceira hora é do Sol: nunca viajar nela, e nunca agir para ser aceito, amado ou qualquer coisa parecida. A quarta hora é de Venus: trabalhar nela para os enamoramentos, o casamento e tudo o mais. A quinta hora é de Mercurio, conveniente para os compromissos com mulheres e homens. A sexta hora é da Lua, sendo apropiada para viajar por terra e mar, e boa para todos os trabalhos do bem que queira realizar. A sétima hora é de Saturno, evitar nela os litígios. Ela é conveniente para os encontros com escribas. A oitava hora é de Júpiter. A nona hora é de Marte: conveniente para encontrar-se com os governantes e para os trabalhos de corrupção. A décima hora é do Sol, pedir nela suas necessidades aos governantes, príncipes, militares e altos dignatários. A décima primeira hora é de Venus: agir nela para afetos e amores. A décima segunda hora é de Mercurio: nunca realizar nada nela.

Sexta: A primeira hora é de Venus: trabalhar nela para excitar o desejo das mulheres, para atrai-las e obter seu amor, e para a reconciliação entre a mulher e seu esposo. A segunda hora é de Mercurio: criar nela todos os talismãs. A terceira hora é da Lua: nunca trabalhar nela para nada. A quarta hora é de Saturno, boa para fazer secar (li-tagāwīr) os mananciais e poços. A quinta hora é de Júpiter: nela se age para obter a aceitação das mulheres. A sexta hora é do Sol: agir nela para encontrar governadores e obter suas necessidades. A sétima hora é de Venus: trabalhar nela pela paixão, o afetos, compromissos com mulheres e casamentos. A oitava hora é de Mercurio: fazer nela todos os trabalhos e ações que queira fazer prosperar, pois é certamente una hora bendita. A nona hora é da Lua: trabalhar nela as separações, e deslocamentos, pois ela tem efeito veloz. A décima hora é de Saturno: não realizar nada nela, exceto a desaparição (tagwīr) dos mananciais e correntes de água e poços. A décima primeira hora é de Júpiter: não trabalhar nada nela. A décima segunda hora é de Marte: nela, viajar, pedir suas necessidades ou agir em favor de qualquer de seus propósitos, e obterá prosperidade, porque é uma hora muito bendita.

Sábado: A primeira hora é de Saturno: trabalhar nela o que desejar referente aos afetos e amores. Saturno só tem essa hora de bom augurio neste dia, quando no início do mês e com a Lua Crescente. Quando na parte final do mes, se realizam no sabado, na hora de Saturno, todos os trabalhos nefastos. Trata de entender, pois te indicamos o caminho. A segunda hora é de Júpiter: agir nela para a paz entre aqueles que se odeiam. A terceira hora é de Marte: trabalhar nela para as desuniões, os ódios e todos os trabalhos do mal, e corrupção. A quarta hora é do Sol: nela se realizam as audiências ante os reis e seus interlocutores, para obter deles o que necessitar. A quinta hora é de Venus. A sexta hora é de Mercurio: nela se caça. A sétima hora é da Lua e não há bom nela, ou seja, não realizar jamais nada nela. A oitava hora é de Saturno: trabalhar nela para as doenças, a indisposição, os sangramentos e hemorragias nasais. A nona hora é de Júpiter: trabalhar nela as ações do bem que queira, pois é uma hora muito favorável. A décima hora é de Marte, trabalhar nela para as sangrias, a indisposição e doenças, pois é una hora nefasta conveniente para tal. A décima primeira hora é do Sol, trabalhar nela para a aceitação e afeto dos governantes, ministros, autoridades, juízes, governadores e escribas; ela também é apropriada para os amores e reconciliação entre os que se odeiam. A décima segunda hora é de Venus: realizar nela o necessário para a aceitação e amor das mulheres e reconciliação entre os conjuges

(E Deus, louvado seja, é Quem concede o êxito e o poderio).


Seção sobre a Divisão dos Signos Zodiacais entre os Quatro Elementos

É preciso que saibas (Deus nos guie!), quem conhece as horas apropriadas para os trabalhos do bem e do mal alcança seu objetivo em tudo o que deseja, porque é a base da Ciência divina (al-‘ilm) e também sua porta, através da qual se pode acessá-la; e aqui expusemos tudo o que foi escrito pela gente desa ciência, para facilitar, com isso, o trabalho desses procedimentos que se encontram nesse livro, e para que conheças cada trabalho e aquilo que harmoniza com ele.

Disponibilizamos uma tabela com a qual se aprende quais são os signos zodiacais da terra, e também os do ar, da água e do fogo. Quando a Lua está nas constelações zodiacais de fogo, os trabalhos devem corresponder ao ar, e à evacusção dos odores, e da mesma maneira quando está nos signos zodiacais de água e de terra. Tudo isso é compreensível com a tabela, cuja explicação segue, e depois exibiremos aquilo com o qual conhecerás em que signo zodiacal está a Lua a cada día, de maneira que, uma vez aprendido e dominado, será fácil obter o que procuras, pois se a Lua está em uma constelação zodiacal de fogo, os trabalhos devem se harmonizar com ele, e da mesma maneira numa de ar, terra ou água. A tabela é a seguinte:

Depois disso, mostraremos como encontrar o signo zodiacal em que se encontra a Lua. Ao surgir alguém que pede o que quer que seja, conte as letras de seu nome, e o nome de sua mãe, e o nome do pedido. Depois disso, observe qual é o elemento predominante em ambos: se a Lua estiver em um signo zodiacal de água, fogo, ar ou terra, faça um trabalho que harmonize com ela, ou posicione o trabalho em uma Lua esteja no signo zodiacal que convenha com o pedido, pois o momento apropriado será de bom augúrio para o objeto do ritual. Trate de entender.

Esta é a forma de conhecer o signo zodiacal ou Mansão Lunar na qual se encontra a Lua: Deves saber (Deus nos ajude a cumprir com sua obediência e a compreender seus segredos e nomes!) que a Lua se aloja cada día e noite em uma Mansão Lunar. Quando quiser saber em qual ela se encontra, conte os dias transcorridos no mês árabe no qual estejas, e os dias transcorridos no ano. Depois […], que é o que se denomina a base (al-’as). Conte quanto é o total e verifique o restante de cinco em cinco, até que restem cinco ou um número inferior (ou seja, divida por 5[32]). De posse desse resultado, conte a partir da primeira das constelações zodiacais, e no local em que a conta acabar, nesta mesma constelação zodiacal estará a Lua.

Capítulo Quatro

Sobre as Doze Constelações Zodiacais e os Símbolos e Relações entre Eles

Deves saber (Deus nos ajude a cumprir com a obediência!), que disponibilizarei uma tabela antes de começar a falar das constelações zodiacais, em que mencionarei as quatro estações, que são a primavera, verão, outono e inverno, e mostrarei as vinte e oito Mansões Lunares a partir de um ponto de vista diferente, os doze signos zodiacais e os meses árabes e as peculiaridades afins.

Deus disse (louvado seja!): “Colocamos constelações no céu e as embelezamos para nossos observadores”; e Deus disse (louvado seja!): “Bendito seja quem pôs as contelações no céu!”; e disse Deus (louvado e bendito seja Al-burūŷson, pelo céu que contém o Zodíaco!): “no primeiro lugar as constelações do céu também são as torres (burūŷ) que existem nas esquinas da fortaleza, e às vezes assim chama-se essa fortaleza”: disse Deus (louvado seja!): “Mesmo que estejam encerrados em torres (burūŷ) elevadas”. E disse Deus (louvado seja al-Ḥasan al-Baṣrī, fique satisfeito com isso!): “al-burūŷ são os castelos (quṣūr) do céu, e são castelos como os castelos da terra”(Deus é mais sábio!), Deves entender. Essa é a imagem da tabela:

Seção sobre as Casas Zodiacais dos Planetas

E comentou algum sábio sobre Seu dizer (louvado seja, bendito quem colocou as constelações no céu!), que são mansões (manāzil) dos sete planetas e são doze as constelações zodiacais: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitario, Capricornio, Aquário e Peixes. Áries e Escorpião são a casa (bayt) de Marte; Touro e Libra são a casa de Vênus; Gêmeos e Virgem são a casa de Mercúrio; Câncer é a casa da Lua; Leão é a casa do Sol; Sagitário e Peixes são a casa de Júpiter; e Capricórnio e Aquário são a casa de Saturno.

Divisão dos Signos Zodiacais segundo os Quatro Elementos Naturais

Estes são os signos zodiacais divididos de acordo com os quatro elementos naturais, sendo cada parte de esses três signos zodiacais chamados tríades (muṯallaṯāt): Aries, Leão e Sagitario são da tríade do fogo; Touro, Virgem e Capricornio são da tríade da terra; Gêmeos, Libra e Aquário são da tríade do ar; y Câncer, Escorpião e Peixes são da tríade da água.

Os exegetas do Corão (ahl al-tafsīr) debateram sobre o significado da palavra al-burūŷ (no texto sagrado), e um dels disse que são castelos nos quais estão os guardiões (al-ḥaras), cuja prova é Seu dito (louvado seja!): “Mesmo que estivésseis encerrados em torres (burūŷ) elevadas”. E disse que são estrelas, e disse também que são as lamparinas (suruŷ), e que são portas do céu, que são chamadas de al-Maŷarra. Eu digo que afirmou Ibn ‘Abbās (Deus, bendito seja, esteja satisfeito com ambos!), que são as constelações zodiacais conhecidas a quem aludimos, e são doze as que Deus (louvado seja!) dividiu em quartetos e tríades, pois estão divididas entre os sete planetas como já mencionamos. Cada nação as denomina segundo sua língua, porém, coincide seu significado. E segundo a ordem mencionada, começam por Áries.

Seção de Descrição das Constelações Zodiacais

A primeira constelação zodiacal é Aries (al-Ḥamal): Áries são treze estrelas, e as alheias à imagem (do carneiro) são cinco estrelas. Sua imagem é a de um carneiro (kabš), cuja parte dianteira aponta para o Oeste, e sua parte traseira em direção ao Leste, virando-se de costas para que seu focinho toque suas costas.

A segunda constelação é Touro (al-Ṯawr), que soma trinta e três estrelas, e as alheias à imagem são onze, e a imagem é da metade dianteira do touro, que inclina sua cabeça para cornear, e a partir de seu meio, dividem-se duas partes da imagem, onde a parte dianteira pende em direção ao Leste e a parte posterior, ao Oeste. Entre suas estrelas estão al-Ṯurayyā e al-Dabarān, ambas mansões Lunares.

A terceira constelação é Gêmeos (al-Taw’amān), também conhecida como al-Ŷawzā’. São dezoito estrelas, sendo as alheias à imagem dos gêmeos sete estrelas. Sua imagen é a de duas crianças que estão de pé, um dos quais pousa sua mão sobre o ombro do outro. Suas cabeças e o restante de suas estrelas vão em direção ao Nordeste, na direção da Vía Láctea, e seus pés vão em direção ao Oeste.

A quarta constelação é Câncer (al-Saraṭān): são sete estrelas, e as alheias à imagem são quatro. É um caranguejo cuja pata dianteira segue para o Leste e sua parte posterior, em direção ao Oeste; ao Sul, logo após vem Gêmeos, como se ambas pendessem para o Sul, sobre a Vía Láctea.

A quinta constelação é Leão (al-Asad): são vinte e sete estrelas, e as alheias à imagem são oito. Sua imagem está de pé e entre suas estrelas está Qalb al-Asad[33], que é uma estrela brilhante.

A sexta constelação é Virgem (al-Sunbula), conhecida como al-‘Aḏrā’. São vinte e seis estrelas, e as alheias as sua imagem são seis. Ela é a de uma jovem que tem duas asas em seu diadema, e que deixa cair sua saia, arrastando-a. Sua cabeça está sobre al-Ṣarfa[34], uma estrela brilhante. Entre suas estrelas está al-Simāk al-A‘zal, uma estrela brilhante que se localiza sobre sua mão esquerda.

A sétima constelação é Libra (al-Mīzān): são oito estrelas, e sua imagem é como seu nome indica: uma balança. As alheias a sua imagem são nove estrelas.

A oitava constelação é Escorpião (al-‘Aqrab): são vinte e uma estrelas, sendo as alheias a sua imagem três. Sua imagem é ereta e entre suas estrelas, figura Qalb al-‘Aqrab[35], uma estrela brilhante.

A nona é Sagitario (al-Qaws), também chamada de al-Rāmī: são trinta e uma estrelas, por trás das estrelas de Escorpião. Sua imagem é composta de homem e cavalo, com o corpo de um animal até a cintura, e depois sobressai da dobra da cintura metade de um homem que pôs sua flecha no arco e se inclina sobre a sela.

A décima constelação é Capricórnio (al-Ŷady): são vinte e oito estrelas, e é a imagem da metade dianteira de um cabrito (ŷadī), e a segunda parte posterior de um peixe em seu rabo.

A décima primeira constelação é Aquário (al-Dalw), também conhecida como Sākib al-mā’: são quarenta e duas estrelas, e as alheias a sua imagem são três. A imagem é a de uma pessoa de pé que estende as mãos, numa das quais há um vaso inclinado, e a água é derramada sobre a parte dianteira de seus pés, e a água flui por baixo, em direção ao Sul. Também se chama al-Dāly.

A décima segunda constelação é Peixes (al-Ḥūt): São trinta e quatro estrelas e as alheias a sua imagem são quatro. Sua imagem é a de dois peixes que alcançam um ao rabo do outro.


E estas doze constelações zodiacais são trezentas estrelas, e já se comentou que são trezentas e quarenta. Também, que Áries é o primeiro dos signos zodiacais, que Touro é uma torre (barŷ) no céu; que Gêmeos (al-Ŷawzā’) é uma estrela que, dizem, se interpõe no meio do céu, pois o ŷawz de algo é seu centro; que Câncer é uma torre no céu; não se menciona Leão, que Virgem é uma torre no céu, e alguns autores não mencionam Libra, que Escorpião é uma torre no céu, igual a Sagitario, Capricornio, Aquário e Peixes. Alguém disse que são torres (burūŷ) no céu, e que al-Ŷuday é uma estrela que se encontra na direção do polo (al-quṭb), e que, com ela, se reconhece a orientação da alquibla[36].

Ω


Fontes:

Trecho do livro > El Kitāb Šams al-Ma‘ārif al-Kubrà (al-ŷuz’ al-awwal) de A¬mad b. ‘Alī al-Būnī: Sufismo y ciencias ocultas. TESIS DOCTORAL DE JAIME COULLAUT CORDERO UNIVERSIDAD DE SALAMANCA, 2009


Clique aqui para ler a tese toda > Enciclopédia Mágica e vá até o “fichero”

Extensa pesquisa realizada no site, recomendado:

baseado no livro de Richard Hinckley Allen: Star Names — Their Lore and Meaning

[1] Teólogo, místico e mágico islâmico, Ahmad ibn `Alī al-Būnī escreeveu cerca de 40 livros em árabe sobre sabedoria popular Islâmica, e assuntos relacionados, com foco especial na teologia de configurações ocultas ou talismânicas do nome de Deus.

A maior parte de seus complexos trabalhos permanece sem edição, estudos ou publicação, exceto algumas edições.

[2] Alfabeto árabe, também chamado de alifato em espanhol

[3] Banco do confessionário, estrado de Deus

[4] O chifre do carneiro – Hamal

[5] A barriga do Carneiro – Botein

[6] As Plêiades

[7] Aldebaran, as Híades, alfa de Touro (o olho)

[8] Cabeça de Órion. Rika. Hoje Rigel é mais brilhante.

[9] Os pés de Gêmeos, a 29 de Gêmeos. Também identificada com o arco de Órion. Alhena.

[10] Duas estrelas fortes na cabeça de cada gêmeo – Castor e Polux

[11] O nariz do Leão

[12] Os olhos do leão – Alterf

[13] A testa do Leão – Algenubi

[14] O coração do Leão – Zosma ou Regulus

[15] O rabo do Leão – Denebola

[16] Cinco estrelas sob Virgem. Bootes.

[17] Bootes, a espada de Virgem

[18] Três etrelas aos pes de virgem. Arcturus

[19] As garras: entre Libra e o escorpião.

[20] A coroa do escorpião – Acrab

[21] O coração do escorpião – Antares

[22] O ferrão do escorpião. Shaula.

[23] O início e o fim da flecha do centauro. Camelos pastejando. Ascella. Kaus Astralis e Kaus Borealis: Região destituida de estrelas.

[24] Seis estrelas na parte superior do arco – Nunki.

[25] Beta de Capricórnio, no chifre: Nessa época os árabes praticavam sacrifícios – Dabih.

[26] A engolidora, na constelação de Aquário. Próxima a Sadalmelik

[27] Fortuna Fortunarum. “A mais sortuda das sortudas” – Sadalsuud. Constituia, junto a outras, a mansão lunar persa “Bunda”.

[28] Estrela da sorte das coisas escondidas ou dos esconderijos – Sadachbia

[29] O balde. Alfa e beta de Pégaso. Markab + Scheat

[30] Duas estrelas, uma na cabeça de Andrômeda, e outra na asa do Pégaso. Alpheratz

[31] A barriga do peixe, ou Corda. Risha. Originalmente era um peixe só!!!

[32] Nota da tradutora

[33] O coração do Leão, Regulus

[34] Zavijava, beta do Leão

[35] O coração do escorpião – Antares

[36] O ponto do horizonte para o qual se voltam os muçulmanos quando fazem suas orações.

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