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Um tarot para Sandman - prólogo

Atualizado: 18 de ago. de 2022




TEXTO ZERO DE UM TAROT PARA SANDMAN


SETE TEXTOS PARA SETE PERPÉTUOS


"Há sete seres que não são deuses, mas têm

existido muito antes destes começarem a ser

sonhados pela humanidade e ainda estarão

presentes quando a última divindade tiver

perecido ou for esquecida.


Há sete seres que existem porque, bem no fundo

de nossos corações, simplesmente sabemos e

acreditamos que existem.


Há sete seres que são chamados de Perpétuos e,

da mesma forma, citados como os Sem-Fim.

Eles formam uma família e são, em ordem de

idade, Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo,

Desespero e Delirium, que um dia já foi Deleite.


Há sete seres que, embora estejam fadados a ter

suas existências perpetuadas, encerrarão suas

atividades neste plano de existência quando nosso

universo for destruído. Neste dia derradeiro, que

não sabemos quando será, Morte fechará a porta

atrás de si assim que Destino passar por ela."


(Transcrito das páginas amareladas de um livro sem capa encontrado numa biblioteca situada em algum lugar, de alguma época)


[Por sua vez, transcrito por mim, Emanuel J Santos – com todos os espaços e lacunas respeitados – de Sandman, #75]


À convite do Saturnália – Astrologia e Cidade, na pessoa de João Acuio (oi, João!), vamos bater um papo despretensioso, e nem por isso menos intenso, sobre uma dos universos que mais me causa frisson: Sandman, a premiadíssima graphic novel de Neil Gaiman, correlacionando dentro do possível e do inferível com os 22 Arcanos Maiores do Tarô. Sandman foi publicada originalmente entre 1989 pelo selo Vertigo da DC Comics (por sinal, recomendo veementemente; desculpa, fãs da Marvel – vocês tem o Wolverine) em 75 edições, distribuídas em treze arcos, como segue:


Sandman: Prelúdios e noturnos (01 a 08)

Sandman: A casa de bonecas (9 a 16)

Sandman: Terra dos sonhos (17 a 20)

Sandman: Estação das brumas (21 a 28)

Sandman: Espelhos distantes (29 a 31 e 50)

Sandman: Um jogo de Você (32 a 37)

Sandman: Convergência (38 a 40)

Sandman: Vidas breves (41 a 50)

Sandman: Fim dos mundos (51 a 56)

Sandman: Entes queridos (57 a 69)

Sandman: Despertar (70 a 73)

Sandman: Exílio (74)

Sandman: A tempestade (75)


Uma das marcas estilísticas de Neil Gaiman é a natureza aberta de suas narrativas, tornando possível retomar a história de qualquer ponto que se deseje – inclusive, antes do início: assim, em 2015, foi publicada a minissérie Sandman: Overture, em seis fascículos, publicados no Brasil em três volumes, que ocorre antes da série original, explicando algumas lacunas presentes a partir de Sandman #01. Para além da narrativa original, foram publicados volumes nos quais os Perpétuos são apresentados em sua própria ótica (Noites Sem Fim) e como crianças (A Festa de Delirium, os Pequenos Perpétuos), entre outros. A natureza aberta destas obras permite que comecemos por qualquer uma delas e a natureza aberta destas obras nos leva a lê-las mais de uma vez. Essa é uma frase que, para um leitor de Sandman, soa simultaneamente ambos os aspectos. Ler e reler Sandman é algo corrente para quem se apaixona pelo universo descrito por Gaiman. E cada leitura é uma pá cavada mais fundo. Isso, porque eu não mencionei o número de easter eggs e de diálogos com outros personagens do universo DC. Foi em Sandman que eu me deparei com Constantine a sério (Desculpa, Keanu Reeves).

Apesar do estranhamento inicial que uma proposta como essa possa oferecer ao leitor de Tarô ou ao leitor de Sandman, convidamos um e outro, uns e outros, para participarem desse processo. Neil Gaiman possui uma relação próxima com o Tarô, que aparece em algumas de suas obras (como o texto “Quinze Cartas Pintadas de um Tarô de Vampiro”, presente no segundo volume de Coisas Frágeis – no qual ele promete escrever as sete que faltam para que Rick Berry possa pintá-las um dia; essa promessa já tem onze anos.)

Como a proposta do Conversas Cartomânticas – meu blog, minha página, minha perspectiva de escrita entre muitas outras coisas – é justamente o contato entre a cartomancia e o cotidiano, e como a proposta do Saturnália é trazer o que o Céu descreve ao que a Terra propõe, trazermos Sandman em sete textos é sugerirmos, desafiarmos, agulharmos a sua curiosidade para mergulhar, como mergulhamos, na narrativa de Neil Gaiman.

E, claro, no Tarô.

Cada um dos textos dessa série apresentará um dos Sete Perpétuos, correlacionando suas características a algumas cartas escolhidas diligentemente. Acredite, não foi fácil fazê-los falar sobre si; um dos principais aspectos dos Sem Fim é sua natureza mutável – eles sempre se apresentam conforme a visão que o indivíduo tem deles. Então, não tenho muito como saber como você, leitor, verá cada um deles na narrativa de sua própria vida; o que faremos, aqui, é sugerir interpretações possíveis para, com o tempo certo, uma xícara de chá e um espaço confortável, você possa abrir suas cartas e as páginas de Sandman e deleitar-se tanto quando eu escrevendo os textos. Certamente, você poderá ir mais longe que eu nisso – e seus comentários serão sempre muito bem vindos.


Bons sonhos.



(este texto foi publicado originalmente aqui: https://www.facebook.com/Saturnalia/photos/a.10150369632207293/10155401034587293/; o Corvo da Saturnália foi criado pelo Gabriel Breviglieri)".

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